quinta-feira, agosto 09, 2007

A arte de dizer o já dito.


- Os últimos dias foram sulfocantes, os pensamentos sobre a vida, sobre coisas que não deviamos pensar vieram como uma enchente mental. Por que?Por que? Por que? Perguntei para tudo, mas não tive resposta...é aí que vem aquela sensação absurda: será que estou sozinha? Será que ninguém mais pensa como eu? Foi quando recebemos um texto para ler na aula intitulado: "Ciência, coisa boa..." do Rubem Alves¹. Esse texto me deixou de boca aberta, porque ele, ele pensa como eu, ele sente o que eu sinto, e ele, principalmente, fala o que eu gostaria de ter falado antes. Por isso mesmo vou deixar uma especie de melhores momentos aqui. Porque o texto é meio grande.


"Fernando pessoa dizia que"pensar é estar doente dos olhos". No que eu concordo.E até amplio um pouco: "pensar é estar doente do corpo". O pensamento marca o lugar da enfermidade. Ah!Você duvida. O meu palpite é que, neste preciso momento, você não deva estar tendo pensamentos sobre sues dentes, a menos que um deles esteja doendo. Quando os dentes estão bons, não pensamos neles.Como se não existissem. (...) O corpo inteiro é assim. Quando está bom, sem pedras no sapato, sem cálculos renais ou hemorroidas, sem taquicardia ou enxaquecas, ele fica também transparente, e a gente se coloca inteiramente, não nele, mas na coisa de fora: o caqui, a arvore, o poema o corpo do outro, a musica. Quando o corpo está bem, ele não conhece. Claro que tem pensamentos;mas são pensamentos de outro tipo, de puro gozo, expressivos de uma harmonia que não deve ser perturbada por nenhuma atividade epistemológica. Mas basta aparecer a dor para que tudo se altere. A dor indica que um problema apareceu. A vida não vai bem. É aquela perturbação estomacal, mal-estar terrível, vontade de vomitar, e vem logo a pergunta: “que foi que comi? Será que bebi demais? Ou teria sido a lingüiça frita? “ Essas perguntas que fazemos, diante de um problema, são aquilo que, na linguagem científica, recebe o nome de hipóteses.(...) Pensar para não sofrer. Deve haver, no universo, milhões e milhões de situações que nunca passaram pela nossa cabeça: nunca tomamos consciência delas, nunca as conhecemos. É que elas nunca nos incomodaram, não perturbam o corpo, não lhe produziram dor. Só conhecemos aquilo que incomoda. Não, não estou dizendo toda a verdade. Não é só da dor. É do prazer também. Você vai almoçar numa casa e lá lhe oferecem um prato divino, que dá ao seu corpo sensações novas de gostos e olfato. Vem logo a idéia: “ Que bom seria se, de vez em quando, eu pudesse renovar este prazer. E, infelizmente, não posso pedir para continuar a ser convidado”. Usamos então a formula clássica: “que delicia: quero a receita”. Traduzindo para os nossos propósitos: “ Quero possuir um conhecimento que me possibilite repetir um prazer já tido.”(...) Mas quem pede a repetição não é o intelecto. É o corpo. Na verdade, o intelecto puro odeia a repetição. Está sempre atrás de novidades. (...) Com o corpo acontece o contrário. Ele não recusa fazer amor, sob alegação de já ter feito uma vez. Uma vez só não chega.O corpo trabalha em cima da lógica do prazer. E, do ponto de vista do prazer, o que é bom tem que ser repetido, indefinidamente.(...) A gente pensa para que o corpo tenha prazer. (...) Cientista que fica horas, dias, meses, anos em seu laboratório não fica lá por dever. Pode até ser que haja pessoas assim: trabalhar por dever. Só que elas nunca produzirão nada novo. (...) Idéias requerem vôos da imaginação, aquilo que, em linguagem psicanalítica, tem nome de “investimento libidinal” , coisa que a linguagem irreverente diz de maneira mais direta e metafórica:”tesão” - quando o corpo fica in/tenso de desejo, tenso por dentro, querendo muito. E é só por isso que o cientista fica lá, anos a fio – como um apaixonado. Tudo por um único momento de êxtase: aquele em que, após um enorme sacrifício, ele diz: “Consegui, Eureka!!”(...)Mas não há como fugir. E bem pode ser que as pessoas descubram no fascínio do conhecimento uma boa razão para viver, se elas forem sábias o bastante para isso, e puderem suportar a convivência com o erro, o não saber e, sobretudo, se não morrer nelas o permanente encanto com o mistério do universo. Assim, cada um poderá se descobrir como ar/tesão que planta, nas oficinas da ciência, as sementes do mundo de amanhã.”

Sei que o texto é longo, e é muito mais longo que isso, eu simplesmente deixei a melhor parte fora, enfim.
Mas é exatamente o que eu sinto. Esse espírito desbravador, de eterna vontade de conhecimento me devora por dentro, e as vezes eu fico devendo à mim mesma. Qaudno li esse texto, a primaire coisa que pensei foi, justamente, como alguem pode viver sem conhecimento? E é pura verdade que, quanto mais você sabe, mais você quer saber, e menos você sabe!


Como aquele negocio do Quanto mais queijo menos queijo.



Bom, até!




4 comentários:

Anônimo disse...

Eh.. texto gigante! o0
Mas a pura verdade.

E viiiiva o conhecimento!!

Gabriela Martinez disse...

Eu tb li esse texto na facul. ^^
feliz coincidência.
mt bom!

hey! vc n está soziha!

bjos

Anônimo disse...

Adorei!
Depois me manda ele todo?

Beijos!

Wagner disse...

Muito bom esse texto, né!

E vc está sumida do msn... e quando entra, mal conversa...

chata!

hehehe

bjãooo